Confusão à Domicílio
Tirei as chaves da ignição, abri a porta e parei do lado do carro com os braços cruzados no peito. - Moça, você iria me envolver em sérios processos caso eu não tivesse freado. Ela estava cabisbaixa, seus cabelos ruivos atingiam sua cintura e as mãos estavam alisando as têmporas. Ainda estava em choque. Ela parou por um instante a atividade que consumia sua atenção para me observar. A garota tinha os maiores olhos que já vi. Os mais perturbadores. Daqueles que fazem você querer se afogar neles. Ela era... divina. - Desculpe... Eu... Não sei. Não sei o que estava pensando. - Acho que você sabe. Iris parou de me observar para verificar se havia sido feito algum dano ao automóvel. Percebeu que não, e então deu um leve riso rouco e áspero. - Não vejo nada de errado aqui. Na verdade eu só... Queria... Chamar sua atenção, claro. - ela falou enquanto gesticulava abertamente as mãos, como fugisse de uma mentira. - Não precisa contar sua vida pra alguém que você acabou de quase pôr na cadeia. Precisa de uma carona? - Eu adoraria. - Entre. Pelo menos você não é pesada, sabe? Se não, teria me dado a maior dor de cabeça. - Você é engraçado. Pode me levar para qualquer lugar. Senti a tensão que essa frase trouxe à situação. - Quantos anos você tem? - 18. - Eu acho melhor chamar um táxi. Eu pago. - Não se preocupe. Eu só não tenho nenhum lugar para ir. Pode me deixar em qualquer lugar mesmo. - Você não tem casa? - É mais difícil que isso, eu acho. Seguiu-se um breve silêncio confortável, como se eu a entendesse. De fato, entendia-a. - Iris... É esse seu