Subjetividade do Sujeito Surdo
A concepção de mundo do surdo é dada de forma muito particular. A visualidade é o meio principal em que os processos cognitivos se desenvolvem e a apreensão social/cultural acontece.
Porque a linguagem funciona como a estrutura base para os processos psíquicos, a linguagem visual desempenha uma função essencial na construção desse indivíduo, permitindo ao surdo o acesso a consciência de si como sujeito psicológico e social.
Dessa maneira, a língua de sinais é para o sujeito surdo um instrumento libertador, permitindo o desenvolvimento da razão através dos signos. Além de instrumento de comunicação, representa a identidade social, histórica e cultural da comunidade surda.
Em família de ouvintes, é desenvolvido entre a criança surda e seus pais um sistema de gestos por meio do qual se comunicam.
Surge por uma necessidade de comunicação e pela impossibilidade de interação através do meio oral, uma vez que a criança possui a capacidade natural de construção linguística.
Além de atender à necessidade de comunicação familiar, supre também a necessidade de simbolizar e conceituar, ajudando a criança nos processos de organização do pensamento.
Apesar de introduzir o sujeito à interação simbólica e cultural, é uma forma rudimentar de comunicação, limitada aos acontecimentos do presente, impossibilitando-o de compartilhar muitas informações com sua comunidade por não se constituírem com base nas mesmas características culturais. Em decorrência disso, os surdos tem uma imensa dificuldade na formação de sua consciência, desenvolvendo características diferentes dos membros falantes da família.
Essas dificuldades denunciam que, por trás da diferença linguística, há outros aspectos que são de suma relevância, para a relação que se estabelece entre pais e filhos e a transmissão da cultura familiar. Um primeiro aspecto promovido pela diferença marcada pela surdez é esse sentimento