Resenha roger e eu
O diretor Michael Moore, com estupenda ironia apresenta mais uma incrível produção: Roger e Eu, na versão brasileira; sendo seu título original, Roger & Me. Trata-se de um documentário sobre a cidade de Flint, no estado de Michigan, EUA, onde durante décadas foi sustentada por uma instalação da General Motors - alto escalão do ramo automotivo - sendo sua cidade natal, empregando trinta mil operários em sua linha de produção.
Ao deixar Flint no Michigan, rumo à São Francisco na Califórnia, Moore deixa uma cidade próspera,onde uma GM era grata por Flint e Flint grata a GM. A indústria possuía um forte sindicato de trabalhadores e tudo em Flint existia em função da General Motors.
Ao retornar depois de dez anos, para a cidade a qual o futuro dependia da GM, o que Michael Moore encontra, no entanto, não era o esperado: A GM fecha suas portas em Flint. Isso era muito grave... Trinta mil desempregos numa única cidade! O plano, como classifica o produtor, era brilhante: Deslocar a produção de Flint para outra fábrica no México, onde a mão de obra local seria mais barata, para usar o dinheiro poupado, para assumir outras companhias, como as de altas tecnologias e fabricantes de armas, para então dizer ao sindicato que estavam em momentos ruins e eles concordarem em fazer cortes de salários.
A reação dos demitidos mostrado no filme, num dado momento retrata bem o que disse E. P. Thompson, no seu livro “Costumes em Comum” sobre os trabalhadores da Inglaterra no século XVIII, ao afirmar que se o preço da farinha subisse, eles cobrariam do padeiro, sem compreender os fatores que acarretaram tal fato. Vemos isso na fala revoltada de um entrevistado ao afirmar que a melhor coisa que a indústria poderia fazer era despedir Roger Smith, sem atentar ou simplesmente ignorar o fato de que Roger Smith era o representante dos interesses da GM... Na verdade, o documentário em si nos remete a essa idéia. É claro que aqui há espaço para uma