Ideologia e terror Hannah Arendt
Em segundo lugar, o pensamento ideológico liberta-se de toda a experiência que não possa aprender algo novo – mesmo que seja algo que acaba de acontecer. “O pensamento ideológico emancipa-se da realidade que percebemos com os nossos cinco sentidos e insiste numa realidade ‘mais verdadeira’ que se esconde por trás de todas as coisas perceptíveis, que as domina a partir desse esconderijo e exige um sexto sentido para que possamos percebê-la”. O sexto sentido é fornecido pela ideologia, que é ensinada nas escolas afim de treinar “soldados políticos”. A propaganda também serve para alienar o pensamento da experiência e da realidade; procura colocar um evento secreto em cada evento público tangível – a inimizade torna-se conspiração, perde-se assim o real sentido das coisas.
Em terceiro lugar, “como as ideologias não têm o poder de transformar a realidade, conseguem libertar o pensamento da experiência por meio de certos métodos de demonstração. Busca-se um pensamento ideológico, e condiciona os fatos segundo a lógica, que inicia-se a partir de uma premissa aceita axiomaticamente. O pensamento – lógico ou dialético – se transforma e mero reprodutor dos movimentos “cientificamente” comprovados. A argumentação ideológica corresponde a um elemento do movimento e o elemento da emancipação da realidade e da experiência. Primero porque não emana da