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A análise de Hannah Arendt sobre os movimentos totalitários demonstra que o terror não é apenas difusão generalizada do medo, mas, sobre tudo, uma forma de governo, ou melhor, instrumento político utilizado segundo a aprovação das massas sobre vítimas devidamente escolhidas. O medo é uma arma ideológica (opera através do sendo comum gerando falsas ideias da realidade), pois se transforma num poderoso expediente de neutralizar a participação e a critica, tão necessárias à democracia.
A partir do pensamento político de Hannah, pode-se afirmar que o discurso totalitário se fertilizou numa sociedade particular, num contesto no qual as massas se tornaram a principal fonte de legitimidade do poder.
A sociedade de massas é fruto de causas sociais específicas, notadamente pelo imperialismo do século XIX ou o processo de individualização decorrente de relações cada vez mais alimentadas pela concorrência competitiva e a primazia de interesses individuais. O desenvolvimento do imperialismo conduziu formas totalitárias de governo, exatamente porque todas as atividades humanas se ressumem ou se restringem ao esforço do trabalho, impedindo que o homem perceba sua dimensão de criador de seu próprio mundo. Passa a ser uma ferramenta apolítica que se ressume a trabalhar (não é mais hommo faber, mas animal laborans).
Para Hannah, mais do que isolamento há solidão, Isolamento se refere à impotência política, enquanto que solidão se refere à vida como um todo. Os regimes totalitários não se limitam apenas ao homem do campo político, vai além, destrói a vida privada pela solidão, porque é abandonado em todos os sentidos, instituindo o sentimento de não pertencimento ao mundo. Homens isolados são impotentes, enquanto que homens solitários perdem seu eu, sua própria condição humana, (o totalitarismo se manifesta pela combinação de solidão e vigilância, cada vez mais intensa sobre os indivíduos que perdem a confiança em qualquer coisa).