Hannah arendt e a questão da quebra entre passado e o futuro através da memória
A constatação de Nietzsche sobre a quebra dos paradigmas que até então regiam a sociedade moderna culmina na máxima: "Deus está morto". Esta conclusão nos diz sobre a falta de esperança não só na crença da religião judaico-cristã e em seus valores morais e éticos mas também aponta para uma constatação, a saber, a morte de valores absolutos na sociedade. Essa insegurança nos valores da sociedade também é clara no titulo do livro "Entre o passado e o futuro" escrito por Hannah Arendt e na expressão de Walter Benjamin, "declínio da experiência". Esta condição: estar entre o que passado e o futuro, é a figura paradoxal que expressa a falta de segurança devido a obscuridade do futuro e a esperança em um novo tempo. Essa linha tênue sobre o que conhecemos que impossibilitaria qualquer um de se relacionar seguramente com o passado ou o futuro restando assim a expectativa de um mar aberto dotado de inúmeras possibilidades de curso. Nietzsche termina assim o aforismo 343 do livro V de "A Gaia Ciência": "...o mar, nosso mar, está novamente aberto, e provavelmente nunca houve tanto mar aberto". Dentro do contexto da época, a morte de Deus é um olhar de Nietzsche sobre a história, mostrando uma ruptura da teologia com o homem moderno que coloca a razão acima de todas as coisas. É interessante levar em conta que a crítica de Nietzsche não é a razão enquanto capacidade do homem, mas sim enquanto objeto de supremacia humana, isto é, como se a razão fosse a chave para todos os enigmas. Nesse sentido, a ciência moderna é tão dogmática quanto o cristianismo, na medida em que acredita que o mundo e os fenômenos carregam uma “verdade” inerente na qual o homem, debruçando-se através da razão, passa a descobrir. O intuito desse trabalho, é expor dentro do contexo da quebra de paradigmas da filosofia contemporânea, e no pessimismo que regia o pensamento de autores dessa linha, usando como estudo de caso, a obra de Hannah