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Margareth Schäffer*
Resumo
Para tratar do tema “o mal-estar na contemporaneidade”, considero alguns autores como sendo fundamentais, tais como Freud, Arendt, Agamben, entre outros não menos importantes. Tratar do mal-estar e do que padece o sujeito não é um assunto fácil, pois implica pensarmos, ao mesmo tempo, nas condições objetivas e subjetivas do mal-estar. Em outros termos, implica pensarmos a relação do sujeito com a cultura, já que o que está em pauta é a constituição para o sujeito da experiência cultural propriamente dita, elemento crucial para a constituição da subjetividade. Não basta pensarmos do que padece o sujeito sem reßetirmos em quais condições a contemporaneidade cerceia e estrutura determinadas condições de convivência na cultura. É o que procuramos reßetir ao longo do texto e, a partir dessas reßexões, indicar possibilidades que ultrapassem o padecimento e chamem o sujeito para a sua condição sublime e de delicadeza do humano.
Palavras-chave: Contemporaneidade. Capitalismo. Subjetivação. Humano. Sublime.
A pessoa que não consegue enfrentar a vida sempre precisa, enquanto viva, de uma mão para afastar um pouco de seu desespero pelo seu destino... mas com sua outra mão ela pode anotar o que vê entre as ruínas, pois vê mais coisas, e diferentes, do que as outras; aÞnal, está morto durante sua vida e é o verdadeiro sobrevivente.
Franz Kafka, Diários, apontamento de 19 de outubro de 1921
Como construir uma polis em que o homem – qualquer homem – não seja visto como supérßuo?
Hannah Arendt
1 A condição humana hoje: algumas pontuações
Para tratar do tema “o mal-estar na contemporaneidade”, considero alguns autores como sendo fundamentais, tais como Freud, Arendt,
Agamben, entre outros não menos importantes. Tratar do mal-estar e do que padece o sujeito não é um assunto fácil, pois implica pensarmos, ao
* Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora Titular da