filme meu tio
O humor aplicado por ele em seus filmes é contemplativo, vagaroso, feito de situações engraçadas que levam diversos minutos para que sua comicidade se faça entender. Em comparação com As Férias do Sr. Hulot, filme anterior de Tati e primeiro do personagem, Meu Tio é uma evolução em termos narrativos. Naquele prevaleciam as situações sucessivas, sem um braço narrativo para puxá-las. Neste, o fio da história é muito mais grosso, embora a força do filme ainda se faça através de momentos isolados.
O Sr. Hulot é novamente um cavalheiro simpático, invariavelmente desastrado, que incomoda muito e agrada ao mesmo tempo. Desta vez, ele é tio de um menino encapetado, cujos pais vivem às voltas com uma casa lotada de novos inventos tecnológicos, que quase nunca funcionam como deveriam. Aliás, não se sabe para que muitos deles servem exatamente.
Apesar da crítica evidente à mania de modernidade, o filme se diverte mais em explorar a mecânica da casa e de seus habitantes do que em traçar um comentário mais profundo sobre o assunto. Fica claro que todas as geringonças têm uma função muito maior do que aquelas inerentes a elas: a ostentação. Por isso, mais do que depressa, a dona da casa convida vizinhos e amigos para conhecer as maravilhas da “casa do futuro”.
Hulot é uma espécie de agente de destruição desse conceito de moderno. Ele mesmo um cavalheiro no melhor estilo Dom Quixote de La Mancha, acaba destruindo muitos dos objetos e elementos da casa, junto com as boas maneiras que os convidados mantinham para