Resenha do filme "Meu Tio"
Toda vez que a campainha da casa da família Arpel toca, a senhora Arpel liga o chafariz que tem o formato de um peixe. A fonte é desligada de acordo com a importância da visita. Se a visitar for algum amigo ou pessoa de um nível social mais elevado, ela o deixa ligado, mas se a pessoa que tocar a campainha for algum vendedor, entregador ou até mesmo o tio Hulot que é irmão da senhora Arpel o chafariz é desligado.
O tio Hulot é um solteirão desempregado, ele vive numa confusa periferia em um prédio que para chegar ao quarto de Hulot tem que atravessar um labirinto de escadas, corredores e os vizinhos, mas que apesar dessa confusão e simplicidade vivem alegres e em total harmonia, mesmo quando á alguma discusão, eles resolvem com uma simples ida ao buteco para um drink e uma conversa.
Por essa simplicidade e despreocupação Gérard o sobrinho de Hulot começa a admira-lo adorando estar em sua companhia, visitando sempre o tio para poder brincar com as crianças da vila e praticar várias travessuras. Já quando Gérard está na casa de seus pais ele fica totalmente desanimado por não ter nada para fazer além de estudar, a comida é sem graça.
Tio Hulot faz o contraponto da casa moderna da família Arpel. Sempre que Hulot vai visitar a irmã, atravessa as ruínas de um muro que representa a ruptura da cidade tradicional com a cidade moderna. De um lado, uma família em que a formalidade era levada aos extremos e, consequentemente, a monotonia surgia. Do outro lado a alegria de viver, mesmo com dificuldades. A ordem contra a desordem, modernidade contra o tradicional.
O filme mostra o moderno e o não-moderno: utilizando da comédia para mostrar as tecnologias da casa dos Arpel, a cozinha tem o que havia de mais moderno na época, o portão principal abre sozinho e os móveis são desconfortáveis porque servem mais para estética do que conforto. "Tudo se comunica", é o que a Sra. Arpel sempre responde para as visitas para tentar minimizar o vazio da