Análise do filme "Meu Tio"
O filme “Meu Tio”, do francês Jacques Tati, gravado em 1958, nos remete à reflexão sobre a modernidade capitalista. No filme, a comparação entre a tradição e modernidade está sempre presente.
O filme se propõe a traçar comentários críticos à modernidade e ao estilo de vida artificial, resultado da influência dos americanos na Europa pósguerra, mostrando o cotidiano um homem simples, porém simpático, o Sr.
Hulot, um solteirão desempregado, desajeitado, e desambientado, sempre vestido com calças largas e curtas, uma vistosa capa, chapéu, guarda-chuvas e seu inseparável cachimbo, e a sua relação com o ambiente repleto de modernidade vivido por sua irmã, casada com um homem rico (Sr. Charles
Arpel) e que vivem na mesma cidade.
Na trama, é inevitável a comparação entre a casa bagunçada e antiga em que vive o Sr. Hulot e a moderna casa dos Arpel. As diferenças vão da excentricidade da fonte de água, em forma de peixe, que é acionada a cada vez que chega uma visita na casa da irmã rica, aos sobe e desce da casa simples onde vive o Sr. Hulot. O filme mostras os contrastes entre a vida moderna e a vida tradicional. De um lado, a vida moderna é mostrada em ambientes quase todos de tonalidade clara, em geral branca, de formas geométricas definidas, compondo quase sempre espaços exageradamente vazios. Por outro lado, a vida tradicional aparece sob uma mistura de cores, ambientes com variadas formas, pouco organizados, e às vezes sujos.
Por diversas vezes os moradores, ao apresentar a moderna casa, ressaltam que ali “tudo se comunica”, entretanto, o ruído exagerado da fonte do jardim, que é ligada apenas quando chegam visitantes ilustres (ou desligada imediatamente de acordo com a importância da visita), ou os excessivos ruídos dos eletrodomésticos da cozinha da Sra. Arpel, impedem qualquer comunicação entre as pessoas na residência. O sentido de "comunicar-se" ganha sentidos divergentes. A questão da falta de