Análise do Filme “Meu Tio” - Estudos Sociais
O filme “Meu Tio”, de Jacques Tati, procura apresentar, através de uma severa crítica, as duas facetas criadas em decorrência do surgimento das novas tecnologias e do “novo modelo de vida” que a sociedade da década de 50 via nascer. No decorrer do filme podemos observar, de um lado, uma família que vive sob a rigidez metódica estabelecia pela modernidade enquanto que, em contraposto, vemos a figura do “Tio”, Hulot, que vive em um ambiente onde os próprios moradores estabelecem suas regras e rotinas. Neste contrastante mundo apresentado por Tati é interessante ressaltar que, conforme ele nos mostra, o bem estar e, digamos, a alegria. não estão intimamente ligados ao poder de adquirir a última palavra em tecnologia, mais adiante retornaremos à esta questão.
Logo nas primeiras cenas do filme é possível observar claramente o enorme contraste dos “dois mundos”, enquanto a família Arpel cumpre rigorosamente a rotina de maneira fria e rígida, com a mesma precisão e insensibilidade de uma máquina, o tio pobre vive em um submundo urbano onde as relações sociais, o contato e o calor humano estão, de maneira muito forte, presentes no dia a dia.
Através deste visível paradoxo, Jacques Tati procura nos levar a refletir: “Será que a tecnologia e a facilidade proporcionada pelo avanço científico supre a necessidade de socialização do ser humano?” Com o advento da facilidade temos pouco a pouco nos isolado em nosso próprio mundo e quando nos deparamos com o mundo do outro, muitas vezes, o vemos através de um olhar agressivo e animalesco. Tal como apresentado em uma curta cena onde crianças levavam os motoristas, parados no semáforo, a pensar que o veículo que vinha atrás de si havia colidido com seu carro e, ao ouvir o barulho, não pensavam duas vezes e partiam para o confronto. Enquanto que na periferia todos, de uma maneira própria, demonstrava respeito pelo próximo, na “cidade moderna” a rotina incessável de construção do