Trabalho Mobilidade Urbana
As cidades de hoje são espaços com velocidades múltiplas. Cada indivíduo se move com característica própria, dependendo das alternativas que escolhe diariamente. Esta superposição constitui um desafio para as nossas formas habituais de abordar o espaço (Lévy, 2000), densificando o papel da mobilidade no cenário urbano. Algumas transformações do mundo contemporâneo reforçam essa necessidade (Lévy, 2000): os espaços aos quais as pessoas se sentem pertencer não são mais somente territórios, mas também redes; o número de lugares pertinentes para um dado indivíduo aumentou; a distinção entre mobilidade cotidiana (rotina) e mobilidade rara (profissional ou lazer) torna-se cada vez mais difícil; ao lado de destinos mais impositivos, uma grande quantidade de outros rumos, novos ou velhos, mais ou menos relevantes, se apresentam. A mobilidade, ainda segundo Lévy (2000), é “a relação social ligada à mudança de lugar”. A mobilidade como possibilidade pode ser analisada como acessibilidade, isto é, a oferta de mobilidade por meio da oferta de transporte. Observada como competência, busca-se a mobilidade efetiva, a relação entre a que é oferecida e a que é realmente realizada. A competência de mobilidade relaciona o deslocamento à necessidade de posse de recursos financeiros para tal, e à constituição de uma rede de lugares frequentados (casa, emprego e tantos outros), eles próprios situados numa boa posição no espaço das acessibilidades. A fluidez nesses espaços é essencial, para que o fomento de regiões autossuficientes não seja uma forma de isolamento ou exclusão de uma população de baixa renda. Finalmente, “o conjunto constituído pela possibilidade, pela competência e pelas arbitragens que a segunda permite sobre a primeira pode ser lido como um capital social, um bem que permite ao indivíduo desdobrar melhor sua estratégia no interior da sociedade”. (Lévy, 2000, pág.76) Costa (2003) ressalta a relação entre a mobilidade, o desenvolvimento