exclusão social inglesa
Letícia Godinho de Souza
1. Globalização e exclusão social
A década de 1970s marcou o início do fim da Era de Ouro do capitalismo e do
Estado de Bem-Estar Social. A segura rede do welfare state foi substituída por um mundo de desemprego estrutural, precariedade econômica, corte sistemático das provisões de bemestar e a crescente instabilidade da vida familiar e das relações interpessoais. Um mundo de segurança material e ontológica foi substituído pela precariedade e pela incerteza; por uma sociedade do risco, na qual “qualquer coisa pode acontecer” (Giddens, 1991; Beck, 1992).
Uma tal mudança foi impulsionada pelas forças do mercado, que transformaram sistematicamente tanto a esfera da produção quanto a do consumo. Essa mudança do fordismo ao pós-fordismo envolve um desmantelamento do mundo do trabalho, em que o mercado de trabalho primário de emprego e carreiras profissionais “seguros” se afunilam, e o mercado de trabalho secundário de contratos de trabalho de curto-prazo, flexibilidade e insegurança aumenta, assim como o crescimento de uma subclasse de desempregados estruturais. As forças de mercado geram uma sociedade mais desigual e menos meritocrática, encoraja um ethos de “cada um por si”, criando uma combinação que é severamente criminogênica. Esse processo é combinado ao declínio nas formas de controle social informal, tais como as comunidades, desintegradas pela mobilidade social e levadas à
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falência à medida que o capital encontra áreas mais vantajosas ao investimento e desenvolvimento; famílias são pressionadas e fragmentadas pelo declínio dos sistemas de apoio comunitários, pela redução do suporte estatal e pelas mais diversas pressões advindas do trabalho. Assim, tal como tais pressões que levam ao aumento do crime, as forças que se dirigem ao seu controle decrescem.
As mudanças no mercado dão