schorske
Introdução
Dentro do processo de modernização econômica e social sem precedentes no século XIX decorrente das transformações provocadas pela Revolução Industrial, juntamente com a formação de um nacionalismo crescente, em consonância com as culturas do passado histórico,
Carl Schorske afirma que a arquitetura urbana teria se apropriado “dos estilos de tempos passados para dar peso e linhagem simbólicos às construções modernas, de estações ferroviárias e bancos, a parlamentos e prefeituras.”1 Ao buscar os laços que mantinha com o seu passado, fornecendo uma “roupagem decente para vestir a nudez da utilidade moderna”, a cultura arquitetônica vitoriana se viu dividida entre o avanço da engenharia e da consolidação da arquitetura do ferro, em contraposição ao pudor dos costumes burgueses. Do debate estilístico à idealização de uma sociedade ideal, a transposição de uma infinidade de estilos históricos
“correspondia plenamente à intolerância em relação à rude e vergonhosa nudez estrutural das construções (colunas e vigas) que, de fato, deviam ser completamente escondidas e revestidas por motivo de decoro.”2 A consolidação do poder burguês, em meio ao discurso progressista da civilização industrial, levou a um entrelaçamento da cultura romântica com os ideais nacionais, em que o dilema artístico e a qualidade da produção em série tornou ainda mais difícil eleger, classificar ou mesmo julgar os estilos dentro da rica experiência lingüística do ecletismo historicista. Ao procurar compreender o ecletismo tão proeminente na arquitetura européia da segunda metade do século XIX, Schorske observa a ausência de um estilo autônomo como um reflexo da força arcaizante da burguesia e dos ricos industriais – patrocinadores daquela arquitetura, questionando por que as pontes e as fábricas eram construídas em