Avaliação entre o trabalho e a reflexão
Publicado em CORREIA, J.A. (Org.) (1999). Formação de Professores – Da racionalidade Instrumental à Acção Comunicacional. Porto: Edições ASA.
Manuel Matos 1 – Introdução
Atendendo à finalidade particular a que se destina este trabalho, importa precisar os parâmetros a que deve submeter-se. Como se trata de um instrumento de trabalho que se destina, essencialmente, a apoiar um processo de formação que se desenvolve no interior de uma prática profissional a que se procura imprimir uma dinâmica de inovação e transformação através da criação de condições que suscitem a reflexão dos próprios profissionais, convém balizá-lo com algumas opções de base que se apresentam, elas mesmas, como objecto de análise e reflexão. Nesse sentido, consideramos importante apresentar alguns princípios, que tal como a investigação contemporânea vem estabelecendo e a prática formativa vem exigindo, correspondem a opções metodológicas fundamentais no que respeita à organização e desenvolvimento do trabalho de formação de profissionais da educação. Entre esses princípios, destacamos: o princípio da apropriação dos instrumentos de formação; o princípio da problematização das situações de trabalho, o princípio da construção partilhada das situações de formação, o princípio da transversalidade das componentes formativas e o princípio da transferibilidade das competências adquiridas. A razão por que inscrevemos estes princípios no pórtico de entrada da problemática da avaliação deve-se ao facto de reconhecermos que a prática da avaliação constitui uma actividade multidimensional e multi-referencial que apenas ganha sentido quando enformada num quadro de referências práticas e teóricas que lhe restabeleçam a complexidade.
2 - Avaliação e formação
De facto, se definirmos globalmente avaliação como "um acto deliberado e socialmente organizado visando a produção de um juízo de valor" (BARBIER, 1983) a