O auto Engano

A lógica do Auto-Engano

1. A quadratura do circulo

Existe um arte de manipulação diante do outro em benefício próprio. O maior aliado é a credulidade da vítima. Há uma busca de falsear a realidade. Um bom exemplo, é a mentira simples, se eu digo que um círculo é um quadrado para alguém que não viu a figura, muitas vezes por existir confiança, a pessoa acredita em mim mesmo sem ver tal coisa.
A quadratura do círculo em minha própria mente é algo mais delicado. A noção de auto-engano à primeira vista se esbarra na contradição. Para que exista sucesso quando minto para mim mesmo, é preciso que eu minta para mim mesmo e simultaneamente acredite na mentira. Quando tento mentir para mim mesmo, sei o que sei, sei que estou mentindo e perco o crédito que me interlocutor, no exemplo da mentira interpessoal, depositaria em mim. É como tentar fazer cocegas em si mesmo.
A contradição não está no auto-engano em si, mas na ideia de que ele pode ser analisado nos moldes do simples mentir ou de enganar alguém. Se nós conseguíssemos mentir para nós mesmos não haveria limites para aquilo em que seríamos capazes de sinceramente acreditar. Se mentir para si mesmo fosse tão fácil como respirar, quantos não viveriam sinceramente como deuses sobre-humanos no olimpo artificial da sua subjetividade?!
É claro que existe limites para o que somos capazes de nos fazer acreditar. Mentir pressupõe a intenção não revelada de falsear a realidade, e isso independentemente do valor de verdade do que se diz. A dinâmica da quadratura do círculo em minha própria mente difere da que conduz ao efeito análogo na mente do meu interlocutor. O auto-engano é incomparável com a intenção consciente de enganar-se a si próprio. A noção de auto-engano voluntário e deliberado é uma contradição logica. O hipócrita interior que nos habita em segredo é um animal distinto do hipócrita social que nos ronda e assedia. A mentira que contamos em silêncio para nós mesmos não mente, seduz.
Ao contrário do