Resenha
A obra em questão tem por objetivo mostrar-nos o quanto é frágil a ideia de completa uniformidade da língua portuguesa no Brasil, apoiando-se nas variações, naturais em qualquer língua, que serão nomeadas, explicadas e exemplificadas.
Português do Brasil: a variação que vemos e a variação que esquecemos de ver
Muito já se ouviu dizer que o português do Brasil é uma língua uniforme, entretanto isso é em grande parte um mito. Uma certa forma de nacionalidade, uma visão limitada do fenômeno linguístico, insensível à variação e a outras formas além da culta são contribuintes da formação dessa visão.
Procurar-se-á mostrar que, na verdade, o português do Brasil não é uniforme, partindo do princípio da mutabilidade natural das línguas. As variações, que são normais, podem manifestar-se de várias formas, entre elas há a variação diacrônica, variação diatópica, variação diastrática e variação diamésica.
Variação diacrônica
A variação diacrônica é a que se dá através do tempo. Todas as línguas estão sujeitas a ela. Esta pode ser notada principalmente nas inovações de gírias, mas também em várias outras áreas do léxico, na gramática e em outras variedades da fala ou escrita que se transformaram com o passar dos anos. Ao compararmos diferentes gerações afastadas por um espaço temporal, notaremos exemplos de variações diacrônicas.
Um fato da variação diacrônica é que construções que soavam estranhas assim que surgiram, como “amanhã vamos estar mandando seu cartão para o endereço que o senhor acaba de indicar”, muitas vezes responsáveis por grandes debates no meio linguístico, vão tornando-se comuns com o passar dos tempos.
A gramaticalização, o processo pelo qual uma palavra de sentido pleno assume funções gramaticais, e a lexicalização, processo inverso ao primeiro, são casos