A Alegoria do Patrimônio
10237 palavras
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“Pode-se situar o nascimento do monumento histórico em Roma, por volta do ano 1420. [...] Um novo clima intelectual se desenvolve em torno das ruínas antigas, que doravante falam da história e confirmam o passado fabuloso de Roma [...]”. (p.31) “[...] nenhum princípio proíbe a destruição dos edifícios ou dos objetos de arte antigos. Sua preservação se deve a causas aleatórias. Além disso, nem os bens móveis colecionados (esculturas, pinturas, vasos, camafeus) nem os edifícios antigos (religiosos ou civis) admirados são investidos de um valor histórico.” (p.33-34) “Dois traços – étnico e cronológico – marcam sua diferença em relação aos monumentos e ao patrimônio histórico ocidental [...]. Seu valor não se prende à sua relação com uma história à qual conferissem autenticidade ou permitissem datar, nem à sua antiguidade: dão a conhecer as realizações de uma civilização superior [...].” (p.34) “[...] Para que se possa, com razão, falar de monumento histórico, falta a essa época o distanciamento da história, apoiado num projeto deliberado de preservação.” (p.35) “Em uma Europa coberta de monumentos e edifícios públicos pela colonização romana, esses séculos causaram uma terrível destruição. Dois fatores principais levaram a isso. De um lado, o proselitismo cristão [...]. De outro, a indiferença em relação aos monumentos que haviam perdido o seu sentido e seu uso, a insegurança e a miséria [...]” (p.35) “Nessa mesma época, no entanto, grande número de obras e de edifícios do paganismo foram objeto de conservação deliberada, estimulada de forma direta ou indireta pelo clero, que se tornara o único depositário de uma tradição letrada e da humanistas antiga [...].” (p.36) “Razões práticas de economia, em primeiro lugar, adotadas em tempos de uma crise em que a população era dizimada, a construção dispendiosa, as tradições artesanais decadentes [...]”. (p.36) “O interesse utilitário não era o único, porém, na preservação dos remanescentes antigos. Outros