Uma teoria da justiça
A obra Uma teoria de Justiça (A Theory of Justice) divide-se em três partes, num total de nove capítulos e quinhentas e oitenta e nove páginas. A primeira parte tem como epígrafe Teoria, a segunda Instituições, e a terceira Objetivos. Na primeira parte Rawls defende as ideias principais a desenvolver ao longo da obra, na segunda a necessidade de uma democracia constitucional como plano de fundo para a aplicação das ideias referidas na primeira e, na terceira, é descrito o estabelecimento da relação entre a teoria da justiça e os valores da sociedade e o bem comum. Por maioria de razão, será a última parte a merecer-nos mais atenção, não só por se tratar de uma das áreas provavelmente menos estudadas na obra de Rawls mas, sobretudo, por ser aí que o autor faz referência mais intensa aos domínios da moral e da Filosofia, essenciais para uma concepção de justiça que Rawls nega utilitarista, embora nos tenha parecido no final do estudo que, não sendo utilitarista e negando com veemência essa corrente, o autor acaba, na sua essência, por defender uma tese claramente finalística e programática.
Sua preocupação é com um tipo historicamente determinado de sociedade; seu interesse é discutir as condições de existência e de sobrevivência de uma sociedade justa e estável, de cidadãos livres e iguais, profundamente divididas por doutrinas razoáveis de caráter religioso, filosófico e moral.
Capítulo 1 – Justiça como equidade
Neste capítulo o autor apresenta sua ideia de justiça como equidade, que pretende generalizar e abstrair ainda mais o tradicional conceito de contrato social. Este contrato é substituído por uma situação hipotética inicial pautada por restrições de conduta que conduzirão a um acordo sobre os princípios da justiça. Seu objetivo é elaborar uma teoria de justiça social que se contraponha ao modelo de justiça utilitarista.
Partindo da noção intuitiva que as estruturas sociais com suas posições sociais variadas levam pessoas de origens