Seminário Carlos Ginzburg
Considerações iniciais sobre a micro-história
A micro-história chegou ao Brasil na década de 1980 junto com as traduções de obras da história das mentalidades e de historiadores culturais ingleses, norte-americanos e italianos. Tornou-se vítima de equívocos e ataques principalmente pelos adversários da Nova História, que condenavam seus temas (feitiçaria, sexualidade, história do cotidiano), acusavam-na de modismo, além de fazer crônicas de fontes singulares, renunciando da pesquisa de arquivo.
Comumente confundida com a história das mentalidades das décadas de 1960 e 1970, por ter algumas afinidades (temáticas, apego à narrativa, laços entre história e antropologia e preferência pelos sujeitos anônimos) a micro-história localiza-se no contexto de surgimento da história cultural ou nova história cultural, que conta com historiadores influenciados pela Escola dos Annales que migraram para outros campos. Esses historiadores procuraram aperfeiçoar as discussões teóricas sem, no entanto, abrir mão dos próprios problemas e objetos de pesquisa.
A migração de historiadores da Nova História (corrente historiográfica da década de 1970 identificada principalmente à história das mentalidades) para outros campos na década de 1980 ocorreu devido às inúmeras críticas que desgastaram a corrente historiográfica, principalmente referentes a uma suposta ausência de reflexão teórica nos trabalhos; ao conceito interclassista de mentalidade; à diversificação de abordagens que teria transformado a história e migalhas.
Uma diferença marcante entre a história das mentalidades e a micro-história é a renúncia da última em relação a uma história geral e totalizante, ausentando-se também da explicação e da contextualização sistemática, porém, sem negligenciar a teoria.
No geral, a história cultural da década de 1980 condenou o conceito de mentalidade, considerado ambíguo e vago, mas continuou o estudo sobre o mental. No que toca aos temas e objetos manteve-se