resenha: O queijo e os vermes
Regina Santana
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela inquisição. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1996.
Carlo Ginzburg nasceu em Turim, na Itália, em 1939. Foi professor de história moderna na Universidade da Califórnia por vinte anos e atualmente leciona na Scuola Normale Superiore de Pisa. É precursor e um dos principais autores da corrente da Microhistória, escola historiográfica que reduz a escala de observação e dá notoriedade a fatos relevantes que são ignorados dentro de um contexto construído de forma generalizadora, além de utilizar como recurso documental uma série de fontes que não era considerada pela história tradicional – onde O Queijo e os Vermes é tido como um marco fundador – que, de forma genérica, é um método de escrita historiográfica que tem na análise e na interpretação exaustivas das fontes um dos princípios norteadores.
Nesta obra, aborda a vida de um camponês italiano, conhecido como Menocchio, que é considerado herege e perseguido pela inquisição. Para construção do livro, Carlo Ginzburg se utiliza de processos inquisitoriais do Santo Ofício no Arquivo da Cúria Episcopal. À época que se deparou com o processo de Domenico Scandella, estava em busca de documentos sobre bruxas, feiticeiros e curandeiros. O que lhe chamou a atenção foi o tamanho do processo e a peculiaridade da heresia proferida pelo réu. Através da análise deste documento pode identificar livros e influências que construíram a individualidade de Domenico. Além disto, Ginzburg se utiliza de teóricos dos estudos culturais para embasar seu pensamento. Composto por sessenta e dois capítulos, dois prefácios, notas, abreviaturas, um índice onomástico e um posfácio redigido por Renato Janine Ribeiro – filosofo e professor titular de Ética e Filosofia Política na USP – O Queijo e os Vermes, não fosse pela análise documental pormenorizada e teoricamente embasada,