Resenha - O Queijo e os Vermes
“O passado já passou, e a história é o que os historiadores fazem com ele quando põem mãos a obra”.
E isso foi o que fez o conceituado historiador italiano Carlo Ginzburg, colocou mãos a obra na produção de seu livro ‘O Queijo e os Vermes’, tendo como objeto de pesquisa, documentos processuais sobre os julgamentos dos condenados por heresia no século XVI. Teve acesso a história de Domenico Scandella, mais conhecido por Menocchio. Um moleiro de Friuli que fora perseguido e julgado pela inquisição. Um homem que pertencia à classe subalterna, mas que sabia ler e escrever, por isso era visto como um homem comum, porém diferenciado dos outros homens comuns.
Ao realizar pesquisas de pessoas que pertenciam às classes subalternas, existem inúmeras dificuldades entre estas à escassez de testemunhos, mas existem exceções e entre as exceções, está à história de Domenico Scandella, ao qual Carlo Ginzburg teve como fonte para sua pesquisa a documentação dos dois processos abertos contra o Menocchio, distantes quinze anos um do outro, que trazem ainda ideias, pensamentos, sentimentos e opiniões de Menocchio, sobre religião, além do acesso a outros documentos que fornecem informações sobre suas atividades econômicas, sobre sua vida e a de seus filhos, algumas páginas escritas por ele mesmo e uma lista de suas leituras.
Todos estes documentos, processos, escritas, permitiram ao Carlos Ginzburg, a construção de uma narrativa ou discurso histórico, pois foi a partir dessas fontes que a história de Menocchio pôde ser contada.
Em o ‘O Queijo e os Vermes’, Ginzburg, além da história de Menocchio, retrata de elementos fundamentais para se entender, como pode ser feita, a micro historia, que é um estudo que se baseia na história para entender elementos de uma dada sociedade, ou seja, através da história de Menocchio, da região em que ele vivia, pode-se entender como era a sociedade do século XVI.
Com a história de Domenico Scandella, o autor pode não só retratar de