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Trabalho e subjetividade: o olhar da
Psicodinâmica do Trabalho
Selma Lancman1 e Seiji Uchida2
O presente artigo discute alguns aspectos teóricos da relação entre subjetividade e organização do trabalho. Para tanto, nos pautamos nos principais alicerces teóricos da abordagem dejouriana: a psicanálise, a hermenêutica e a teoria da ação. Buscamos subsidiar o leitor que queira se utilizar da clínica do trabalho em suas ações de intervenção e pesquisa a avançar teoricamente e a se familiarizar com o debate atual desenvolvido pela Psicodinâmica do
Trabalho.
Palavras-chave: Saúde Mental e Trabalho, Subjetividade, Psicodinâmica do Trabalho.
T
emos como objetivo discutir a importância da subjetividade hoje e o modo como apreendê-la nas organizações do trabalho a partir de uma abordagem atualmente conhecida como Psicodinâmica do Trabalho. Isso significa privilegiar uma determinada ótica, ou seja, aquela que articula sofrimento e saúde no trabalho.
Antes de tratarmos da questão propriamente dita, gostaríamos de contextualizar o problema sobre o qual estamos nos propondo a refletir.
Taylor (1995), quando propôs a Organização Científica do Trabalho (OCT) e sua tripla divisão (divisão do modo operatório, divisão entre órgãos de concepção intelectual e execução e divisão dos homens), aparentemente buscou eliminar a subjetividade do trabalho por meio do controle dos corpos dos trabalhadores cindidos de suas mentes.
Na realidade, ao observarmos sua concepção de organização como um todo, ele reafirma a importância da subjetividade. A direção e os planejadores – para produzir e impor as diretrizes da empresa, sua política, sua estratégia e seus objetivos – necessitam pensar, decidir, planejar, avaliar, assim por diante. Dejours e Abdoucheli (1994) afirmam que numa organização hierarquizada do tipo piramidal quanto mais se sobe na estrutura da empresa, mais se abrem as possibilidades