Psicologia da educação
enfoca algumas questões centrais das práticas educativas da atualidade. A produção das diferenças e das desigualdades sexuais e de gênero, em suas articulações com outros
"marcadores sociais", como raça, etnia, classe, é analisada pela autora, numa perspectiva que busca referências nas teorizações pós-estruturalistas. A instituição escolar é o espaço privilegiado no livro, mas certamente não é seu alvo exclusivo. Recebe especial atenção o modo como os sujeitos, em relações sociais atravessadas por diferentes discursos, símbolos, representações e práticas, vão construindo suas identidades, arranjando e desarranjando seus lugares sociais, suas disposições, suas formas de ser e de estar no mundo. Este processo de "fabricação" dos sujeitos é continuado e geralmente muito sutil, quase imperceptível. Antes de tentar percebê-lo pela leitura das leis ou dos decretos que instalam e regulam as instituições, ou percebê-lo nos solenes discursos das autoridades, Guacira Lopes
Louro se volta, aqui, especialmente para as práticas cotidianas, rotineiras e comuns.
Entende que são precisamente os gestos e as palavras banalizados que devem se tornar alvos de atenção renovada, de questionamento e de desconfiança. A tarefa mais urgente seria desconfiar do que é tomado como "natural". Desta íorma, currículos, normas, procedimentos de ensino, teorias, linguagem, materiais didáticos e processos de avaliação são colocados em questão.
Os aportes teóricos mais relevantes para a construção de
sua argumentação vêm fundamentalmente do campo dos
Estudos Feministas mas, também, dos Estudos Culturais, dos Estudos Negros, dos Estudos
Gay e Lésbicos. Voltados todos para as "diferenças", para as formas como estas são constituídas e fixadas, valorizadas ou negadas, esses vários campos têm, seguramente, múltiplos pontos de contato. São todos, também, espaços de uma produção teórica fértil, crítica e