Pensamento selvagem
O mito e o rito, escreve Lévi-Strauss não são simples lendas fabulosas, mas uma organização da realidade a partir da experiência sensível enquanto tal. Para explicar a composição do mito, organiza três características principais: função explicativa, o presente é explicado por alguma ação passada cujos efeitos permaneceram no tempo; função organizativa, o mito organiza as relações sociais (de parentesco, de alianças, de trocas, de sexo, de identidade, de poder, etc.) de modo a legitimar e garantir a permanência de um sistema complexo de proibições e permissões; e, por fim, uma função compensatória, o mito narra uma situação passada, que é a negação do presente e que serve tanto para compensar os humanos de alguma perda como para garantir-lhes que um erro passado foi corrigido no presente, de modo a oferecer uma visão estabilizada e regularizada da natureza e da vida comunitária. 2
O reverso do totemismo, o homem naturalizado. Ilustração de Charles Le Brun utilizada no livro
Segundo Viveiros de Castro, antes de limitar-se à uma interpretação de mitos Levi-Strauss, em alguns de seus livros, analisa as disposições universais do pensamento humano: