resenha
Este livro, segundo o seu próprio autor, pretende continuar o seu outro trabalho, "Totemismo hoje", que por sua vez é considerado uma introdução histórica e crítica a "O pensamento selvagem". Como os outros escritos de Lévi-Strauss, este é guiado por um método estruturalista, que consiste em que, após uma análise empírica detalhada dos fenômenos sociais, políticos, econômicos e culturais que são o objeto de investigação, seja construído com base nesses fatos pesquisados um modelo sistêmico, por meio do qual se retorna aos fatos para interpretá-los e esclarecê-los. Nesta obra, Claude Lévi-Strauss busca encontrar as características que distinguem as criações intelectuais dos povos considerados "primitivos" (denominação que ele critica) daquelas das culturas modernas. Às primeiras corresponde o pensamento selvagem, que se expressa por meio do mito, e à segunda corresponde o pensamento cultivado, que encontra a sua realização na ciência e na arte das sociedades modernas. Mas a análise de Lévi-Strauss, passando por numerosos exemplos retirados de etnografias, comparando-os e interpretando-os, procura mostrar também as possíveis semelhanças entre as culturas "primitivas", que ele denomina como sociedades "frias", e as culturas modernas, chamadas de sociedades "quentes". Segundo Lévi-Strauss, o mito de define como uma tentativa de explicação e compreensão da realidade natural e social por meio de um esquema, verdadeiro sistema de oposições e correlações binárias que, no pensamento selvagem, se expressa por meio de uma montagem de imagens registradas em uma narrativa. O mito é, portanto, uma manifestação de toda uma filosofia e concepção de mundo, "superestruturas" e ideologias, que é, por sua vez, reflexo de condições técnico-econômicas da vida coletiva, "infra-estrutura". As imagens narradas pelo mito são montadas com fragmentos de imagens e narrativas, motivo pelo qual Lévi-Strauss compara o mito ao bricolage. Este sistema coerente