Ciencia do concreto
Em “A Ciência do concreto”, Lévi-Strauss compara o pensamento dos “selvagens” com o pensamento científico moderno. Nestre capítulo, Lévi-Strauss tenta desconstruir a ideia de que os “selvagens” só refletem sobre o que lhes tem sentido prático.
Para Lévi-Strauss, O do ponto de vista e que, na visão dos “selvagens”, o homem branco também só se debruça sobre o que considera útil e não há uma defini~çao universal do que é útil. Para o autor, o pensamento dos povos “primitivos” é mais “concreto”, em comparação ao pensamento científico, é baseado conceitos mais abstratos.
O autor argumenta que em todas as sociedades surge a necessidade de classificar as coisas em categorias, oposições, dualidades, etc, não apenas por uma necessidade prática, mas também intelectual. E que as coisas só se tornam úteis após serem analisadas e classificadas, e não o contrário. Essa categorização se desenvolve através da interação social coletiva, nunca individual.
A diferença do pensamento científico para o pensamento “selvagem”, para Lévi-Strauss, se dá através da forma que os conceitos são construídos. Enquanto os povos nativos observados constroem suas categorias partindo de critérios mais concretos e práticos, o pensamento científico contemporâneo os constrói segundo critérios mais abstratos. Para o autor, a forma básica de explicar o mundo pelo pensamento selvagem é através dos mitos, ou seja, uma especulação sobre as origens.
Enquanto o pensamento científico classifica a partir de conceitos abstratos, o pensamento mitológico trabalha com signos. Enquanto o pensamento científico abstrai para atribuir sentido ao objeto analisado, o pensamento mitológico muda a as sua realidade, se necessário, para atribuir novo sentido às coisas.