ARTES
(Pensamento Selvagem)
No primeiro capítulo de O Pensamento Selvagem, “A Ciência do concreto”, Lévi-Strauss compara o pensamento dos “selvagens” com o científico moderno. Para o autor, o pensamento dos povos tribais é algo mais “concreto”, enquanto o pensamento científico é baseado em conceitos mais abstratos.
Para começar, Lévi-Strauss critica a opinião de que os “selvagens” só classificam e conceituam aquilo que lhes é útil. O autor demonstra que isso depende do ponto de vista e que, na visão dos nativos, também parece que nós só damos atenção ao que nos é útil. De certa forma isso é correto, já que cada um vê o que é útil de uma maneira diferente. Mas se pensarmos profundamente a respeito do assunto, veremos que o pensamento, tanto selvagem, quanto o moderno, pensa e classifica não só o que lhes é diretamente útil.
Baseado no trabalho etnográfico de vários etnógrafos e viajantes, o autor constata a riqueza do pensamento “selvagem”. Muitas sociedades, como os hanuno das Filipinas, classificam milhares de animais e insetos em mais de 450 categorias organizadas por semelhanças, e um número tão grande quanto. Ainda possuem dezenas de classificações para as partes constituintes das plantas e animais. “É claro que um saber tão sistematicamente desenvolvido não pode estar em função da simples utilidade prática” (Lévi-Strauss). A partir disso, Lévi-Strauss, demonstra que há uma necessidade de se pensar por se pensar. Explica que o objetivo da classificação não é de ordem prática, mas sim uma necessidade intelectual. O universo sem uma ordenação seria indistinguível do caos. A partir de princípios de oposição (claro/escuro; grande/pequeno; sagrado/profano; homem/mulher, etc) insere-se uma ordem no mundo. As coisas precisam ser agrupadas para poderem ser pensadas e relacionadas.
Lévi-Strauss, então conclui que a classificação não é derivada da necessidade, mas sim o contrário: as coisas são consideradas úteis e interessantes