A genealogia de uma linha de pensamento que culmina com o mito do bom selvagem: léry, montaigne e rousseau.
Os autores mais significativos daquela época, Jean de Léry, Michel de Montaigne, Jean Jacques Rousseau defendem a alteridade, o fato de que os selvagens não são o que pensamos ser, que termina por culminar no mito do “bom selvagem”. É neles que iremos enfatizar agora.
1.2 JEAN DE LÉRY
Léry era um homem com um pensamento a frente de seu tempo, o livro “Viagem à terra do Brasil” foi escrito no século XVI e melhor repensado na metade do séc. XVIII. Jean de Lery foi um protestante calvinista francês que permaneceu algum tempo no Brasil, em torno de um ano e meio entre os Tupinambás. Vale lembrar que ele sempre fazia uma confusão entre tupinambás e tupiniquins. Longe de procurar convencer os nativos da superioridade da cultura européia e da religião reformada, ele os interroga e, sobretudo, se interroga.
Podemos destacar como um dos elementos principais contido em seu relato, a sua visão do outro. O indígena, no relato de Léry, é visto ambiguamente. As crueldades que o nativo comete não podem ser encaradas como barbárie. As guerras religiosas na Europa do século XVI são exemplos de atos tão ou mais cruéis do que aqueles que os indígenas praticam. Entretanto, este aspecto não tira do indígena sua condição de inferioridade em relação a outros povos. Estas ambigüidades evidenciam a transitoriedade entre dois mundos: o medieval e o moderno. Ele julga-os mais francos e verdadeiros que muitos europeus.
Não abominemos, portanto