Os tempos hipermodernos

Os tempos hipermodernos, LIPOVETSKY, Gilles.
1- Tempo contra tempo, ou a sociedade hipermoderna.
A noção de pós-modernidade entrou no cenário intelectivo a partir do final dos anos 70, esta rapidamente foi designada para oscilar entre os alicerces absolutos da racionalidade e o fracasso das grandes ideologias e a meio da poderosa dinâmica de individualização e de pluralização da sociedade. A ideia de progresso e expectativas para futuro foi substituída por ideias mais curtas e visões efêmeras. Passou-se a dar mais importância para o aqui-agora.
O neologismo pós-moderno descrevia essas mudanças e reorganizava em profundidade o modo de funcionamento social e cultural das sociedades democraticamente avançadas, no entanto, o conceito logo entrou em desuso devido ao não encaixamento do termo ‘’pós’’ já que era evidente uma modernidade de um novo gênero, e não uma superior à anterior. Foi-se necessário a criação de uma nova expressão para descrever o que acontecia nas sociedades com a modernidade elevada a potencias superlativas, sem freios institucionais-ideológicos nos valores individualistas e de consumo. Ergue-se, assim, a hipermodernidade.

Entra em ascensão uma segunda modernidade, desregulamentadora e globalizada marcada por uma explosão dos volumes de capital em circulação no planeta. Cada domínio (Hipermercados, Hiperempresas, Shoppings Centers) possui uma vertente excrescente ‘’sem limites’’. As multidões atulhadas em cidades, as multidões nas viagens de férias, as multidões nos shows, as multidões que consomem um mesmo produto; a hipervigilância que substituiu a disciplina totalitária; o hiperindividualismo. Tudo é pego na engrenagem do extremo, sob o signo de excesso, da maximização.

Nasce uma nova sociedade moderna onde não há escolha, senão evoluir, não há alternativa a não ser rápido o suficiente para não ser ultrapassado pela ‘’evolução’’. A cultura do mais rápido e do ‘’sempre mais’’ foi fortemente instaurada. Entretanto torna-se uma