Os Estados Unidos e a definição do Inimigo: uma reflexão teórica.
II-Introdução
O colapso da União Soviética transformou a distribuição do poder mundial, a qual passou do sistema bilateral para o unipolar. A hegemonia dos Estados Unidos durante a década de 90 gerou controvérsias quanto à sua capacidade de perenidade e quanto à transitoriedade daquele momento histórico. Quase duas décadas depois, é possível afirmar que foi um período duradouro, porém a capacidade dos Estados Unidos de se manterem como hegemonia vem sendo cada vez mais contestada.
A superioridade norte-americana nos campos econômico, militar, comercial, político e energético é incontestável e fornece espaço para que manobras unilaterais, como a ação preventiva, sejam efetuadas.
A hegemonia norte-americana possibilita que este país seja capaz de gerar uma ordem internacional, a partir das ações que são consideradas legais ou ilegais, bem como a partir da manutenção da estabilidade internacional, sob o ponto de vista hegemônico. Este preceito está de acordo com a Teoria da Estabilidade Hegemônica, perante a qual o poder hegemônico não só estabelece as regras e normas, como também utiliza seu poder militar para estabilizar o sistema internacional. A partir desta ordem estabelecida, muitos Estados se posicionam próximos à potência hegemônica para gozar dos benefícios que sua estabilidade oferece, pois a potência, neste caso, exerceria um poder magnético, atraindo os outros em seu redor. (LAYNE, 2006: 136)
Esse poder magnético, segundo alguns estudiosos, seria visto como um poder benevolente, que não visa à ameaça a outros Estados, principalmente os derrotados da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria, que formam a Eurásia. Pois os interesses norte-americanos em termos de estratégia estão todos voltados a derrotar um inimigo abstrato, seja ele o terrorismo internacional.
Após os atentados terroristas de setembro de 2001, os documentos oficiais e os discursos proferidos