MÉSZÁROS, István. Filosofia, Ideologia e Ciência Social.
István Mészáros, em seu Filosofia, Ideologia e Ciência Social[2], estabelece um enfrentamento agudo contra as correntes em voga da sociologia que, sob uma pretensa defesa da objetividade científica, intentam rebaixar a produção teórica marxista a um corpo de idéias contaminado ideologicamente, sem valor científico maior, representando uma espécie de vício histórico da teoria social a qual é preciso neutralizar.
Para esse objetivo, Mészáros irá examinar a teoria weberiana dos “tipos ideais”. À guisa de uma axiomática, Mészáros cita Weber:
“A tarefa elementar do autocontrole científico e a única forma de se evitar asneiras graves e tolas requer uma distinção nítida e precisa entre a análise comparativa da realidade através de tipos ideais, no sentido lógico, e o julgamento de valor da realidade baseado em ideais. Em nosso sentido, um tipo ideal [...] não tem absolutamente nenhuma conexão com juízos de valor, e não tem nada a ver com nenhum tipo de perfeição, a não ser aquela puramente lógica.”[3] O principal interesse de Mészáros, num primeiro momento, está em verificar se Weber consegue manter os padrões que ele mesmo estabeleceu à avaliação da ciência social. A atenção de Mészáros se volta para a definição de capitalismo, constituindo um tipo ideal: segundo Weber, o princípio norteador do capitalismo é o investimento de capital privado. Mészáros reconhece a validade dessa definição, porém a compreende como uma mera tautologia, dando-nos o eixo de sua crítica aos critérios weberianos à validação da teoria social: com efeito, a construção weberiana de tipo ideal elege a tautologia como recurso lógico homologador do conceito, tornando qualquer formulação não tautológica como falsa ou ideologicamente tendenciosa[4]. Não obstante, Mészáros alude ao fato de que na definição de Weber não há nenhum elemento que, sob o ponto de vista da lógica pura, garanta a neutralidade pretendida; antes,