Modo de vida dos escravos urbanos
A escravidão urbana na cidade do Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX foi diferente da realidade vivida por grande parte dos escravos da zona rural. Os cativos urbanos moravam nas casas dos senhores, dormiam no chão, sótãos ou porões. Outros residiam longe dos proprietários em casas alugadas, casebres, cortiços. Era o chamado “morar sobre si”, isto é, arcavam com suas despesas. Essa escravidão caracterizava-se por um grande número de proprietários, com cerca de dois ou três escravos. O que definiu onde o escravo morou foi a relação estabelecida com o seu proprietário, de acordo com a situação econômica e o espaço disponível na casa do senhor. Na cidade, os senhores colocavam os escravos ao ganho, exercendo funções de barbeiros, sapateiros artesãos, trabalhos braçais e até tarefas domésticas. Em algumas situações, passavam dias fora de casa trabalhando, e, após o período combinado com o senhor, retornavam com o dinheiro. Haviam donos de cativos que a renda da casa era patrocinada pelo trabalho do escravo, principalmente nas famílias mais pobres ou quando os donos eram mulheres ou viúvas. No centro da cidade existiam casas de sociabilidades que, muitas vezes, serviam de moradia. No ganho de rua, principalmente através do pequeno comércio, a mulher negra ocupou lugar destacado no mercado de trabalho urbano. Encontramos tanto mulheres escravas colocadas no mercado de trabalho por seus senhores, quanto mulheres negras livres e libertas, que lutavam para garantir seu sustento e de seus filhos. As escravas ganhadeiras, como eram chamadas, davam, por obrigação, aos seus senhores uma quantia pré-estabelecida ; essa negociação era pactuada por meio de um contrato informal acertado entre as partes. O que excedesse do valor combinado ficava de posse da escrava, que podia poupar para a