RESENHA: SONHOS AFRICANOS, VIVÊNCIAS LADINAS: Escravos e forros em São Paulo (1850-1880) Autor: Maria Cristina Cortez Wissenbach
2475 palavras
10 páginas
SONHOS AFRICANOS, VIVÊNCIAS LADINAS: Escravos e forros em São Paulo (1850-1880)Autor: Maria Cristina Cortez Wissenbach Este livro foi resultado de uma dissertação de mestrado realizado pela autora, através da FFLCH da USP no ano de 1989, sob orientação do Professor José Carlos Sebe Bom Meihy, e contribuição da Professora Maria Odila Leite da Silva Dias, entre outros grandes nomes acadêmicos referentes ao tema proposto. O trabalho inseriu-se em um importante momento de discussão sobre a escravidão brasileira, visto que no ano anterior comemorou o centenário da Abolição. O livro conta com oito partes (ou capítulos), incluindo introdução, iconografia e considerações finais, sendo sua pesquisa documental com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), realizada no Arquivo do Estado de São Paulo, do Poder Judiciário e da Cúria Metropolitana. Na introdução, a autora faz um levante de dados de locais onde houve o regime de escravidão urbana e como estes se organizavam dentro de uma sociedade onde negros livres e cativos andavam juntos, como organizavam sua sobrevivência (moradia, alimentação), como eram perseguidos, dando um breve histórico das Leis do regime escravista brasileiro, focando principalmente na cidade de São Paulo. São feitas comparações aos regimes escravistas de outros países americanos, e como se davam as sobrevivências dos cativos, como se organizavam. Como os crimes dos escravos eram vistos pela justiça e pela resistência negra, em torno de uma “anormalidade social” (p 20). A autora apresenta comparações com teses de intelectuais que abordam a questão de exploração de classes, mostrando outras realidades de resistência (em outros países) e como estes pensamentos foram incorporados pela historiografia social para ajudar a entender estes processos, ou seja, “reorganizar a escravidão em seus próprios termos, reordenar as relações escravistas na perspectiva de uma mutuabilidade de deveres e