Comunidade Quilombolas
Quilombolas no Sul do Brasil?
Quando o assunto é escravidão, um dos últimos lugares lembrados é o Rio Grande do Sul, uma vez que o Sul do país é visto como reduto de imigração européia e de pouca miscigenação. Os hábitos, as festas, as características físicas dos gaúchos costumam ser considerados herança exclusiva do branco europeu, em especial, do alemão e do italiano. Pouco se fala da herança indígena e negra.
A presença negra no Rio Grande do Sul permaneceu por muito tempo ignorada. No entanto, a região contou com a presença de escravos negros desde o início de sua ocupação pelos portugueses no fim do século XVII. Em 1814, cerca de 39% da população da província era formada por escravos ou ex-escravos (MAESTRI, 2005: 295). Entre os anos de 1874 e 1884, a então Província de São Pedro era a sexta com maior número absoluto de escravos (RUBERT, 2005: 34).
Assim, no Rio Grande do Sul, junto às diversas colônias de antigos europeus, há também uma considerável população de descendentes de escravos que luta para ser reconhecida e também contra o esquecimento de sua história. Graças à sua crescente organização, os quilombolas rio-grandenses-do-sul vêm conquistando cada vez mais visibilidade.
A Federação das Associações das Comunidades Quilombolas do Rio Grande do Sul informa que existem mais de 130 comunidades quilombolas em território gaúcho. O Cadastro Geral de Remanescentes de Comunidades de Quilombos do governo federal já registrava, em dezembro de 2007, a existência de 35 comunidades naquele estado.
Atualmente, é possível identificar algumas regiões com grande concentração de quilombos rurais no estado, tais como: o litoral rio-grandense-do-sul (municípios de São José do Norte, Mostardas, Tavares e Palmares do Sul); a região central (municípios de Restinga Seca, Formigueiro e entorno); e a Serra do Sudeste, a oeste da Laguna dos Patos. A região metropolitana de Porto Alegre abriga pelo menos seis quilombos