modernidade e a crise ambiental
A modernidade e, sob certo aspecto, a mais ampla e consistente tentativa da humanidade de libertar-se dos condicionamentos naturais e sociais, que tinham feito do mundo, ate entao, uma sucessao de constrangimentos aos desejos de liberdade e felicidade que movem a alma humana desde sempre.
No campo das realidades sociais, a afirmacao do Estado como predominio da esfera publica, como prevalencia do interesse coletivo sobre o individual e como obra de arte parecia o caminho irreversivel para a emancipacao, a instauracao do reino da liberdade. No tocante a natureza, a razao instrumental, a fisica classica e a ciencia moderna pareciam o triunfo definitivo sobre o passado obscurantista, sobre as concepcoes magicas, sobre o “mundo encantado” das mentalidades primitivas; a ciencia moderna e suas promessas de minimizacao da dor, do sacrificio e das doencas.
Finalmente, a modernidade e a vitoria do mercado e sua universalizacao prometiam o progresso material, o aumento da riqueza na medida mesma da ampliacao da divisao do trabalho.
Estado, razao e mercado sao os paradigmas de uma nova epoca, a nossa, que nasce prometendo construir o mundo como a vitoria da vida, da liberdade e da busca pela felicidade.
E esta a grande e generosa matriz da modernidade: a construcao de instituicoes, ideias e praticas que desafiam a ignorancia, a tirania, o sofrimento, a miseria. A modernidade e, radicalmente, um projeto prometeico, isto e, responde ao mito de Prometeu, que roubou o fogo do Olimpo para da-lo aos homens e foi condenado por Zeus a permanecer acorrentado, sendo bicado no figado pelos abutres.
Contudo, se estao presentes e sao centrais os aspectos emancipatorios ressaltados no projeto moderno, nao devemos compreende-los como lineares, exclusivos e ausentes de contradicoes, pois eles existem e tensionam a trajetoria do mundo moderno, que frequentemente tera14 que optar entre perspectivas que, embora originarias da