Ambientalismo e Juventude
Sociedade; trabalho, educação, cultura e participação. Fundação Perseu Abramo e Instituto da Cidadania, São Paulo, 2004.
AMBIENTALISMO E JUVENTUDE: O SUJEITO ECOLÓGICO E O
HORIZONTE DA AÇÃO POLÍTICA CONTEMPORÂNEA
Isabel Cristina Moura Carvalho1
A preocupação ambiental no Brasil e no mundo tem se constituído como aglutinadora de um campo de relações sociais. A constituição do ambiental enquanto um campo (Bourdieu, 1989) traduz os tensionamentos éticos e políticos acerca de uma nova ordem societária e torna possível falar em um sujeito ecológico. Investido da crítica ecológica contracultural à sociedade instituída, o sujeito ecológico, enquanto um tipo ideal, remete a um modo instituinte de ser, posicionado à margem (alternativo) e animado pela pretensão libertária de deslocar as fronteiras entre militância e estilo de vida, intimidade e esfera pública, opções individuais e transformação coletiva, constituindo parte de um novo horizonte para a ação política ambiental.
O campo ambiental é portador dos dilemas contemporâneos que afetam esfera política, particularmente no que diz respeito as escolhas e ações presentes que vão incidir sobre o futuro, enquanto projeto de vida comum. A política aqui é tomada no sentido de
Hanna Arendt (1989), como esfera pública, espaço por excelência da ação humana enquanto convivência com os outros humanos e partilha nas decisões sobre os destinos dos bens comuns. Neste sentido, os bens ambientais vêm se instituindo na esfera pública com o status de Bem comum de grande relevância para a sociedade. Como tal, a questão ambiental tem alcançado um lugar destacado nos embates sobre a construção social do futuro da comunidade humana, vinculando as atuais e as novas gerações numa esfera de negociação de projetos de sociedade e modos de engajamento