milicias privadas
No dia 01 de janeiro de 2012, compareceu à Base da Polícia Militar do bairro Ipiranga a senhora Maria das Dores da Silva, reportando que seus dois filhos, João, 19 anos, e Joaquim, 17 anos, haviam sido jurados de morte pelo traficante Raimundo, em razão de dívidas de drogas. Ambos os filhos de Maria das Dores eram viciados em cocaína, e ela inclusive já havia buscado aconselhamento junto à Defensoria Pública do Estado com o intuito de interná-los compulsoriamente em clínicas para tratamento contra o vício. O Delegado, entretanto, pouco acreditando na senhora, informou-lhe que apenas as vítimas poderiam registrar a ocorrência da ameaça, e que ainda assim o traficante não seria preso, pois não havia flagrante.
Dois dias depois, na madrugada do dia 03 de janeiro de 2012, o traficante Raimundo foi encontrado morto com dois tiros na cabeça. A vítima já havia cumprido pena por latrocínio, além de ser suspeito em outros casos de estupro ocorridos na região.
Testemunhas relataram que o traficante fora abordado por dois homens vestidos de branco em um bar no bairro Ipiranga. Acompanhado dos dois desconhecidos, Raimundo entrou em um carro de cor cinza chumbo e nunca mais foi visto com vida. A partir das descrições das testemunhas, os investigadores de polícia chegaram a dois suspeitos: o Capitão Nascimento e o Oficial Neto, membros da Polícia Militar. Diligências apuraram que ambos os agentes pertenciam à milícia armada conhecida naquele bairro como Tropa de Elite.
O Capitão Nascimento e o Oficial Neto confessaram a participação no homicídio. Neto informou que trabalha na Base da PM no Ipiranga, e presenciou o desespero de Maria das Dores quando foi buscar proteção e saiu sem esperanças, com a certeza de que seus filhos iriam morrer. Contatou então o Capitão Nascimento, e ambos decidiram agir naquela noite para evitar a morte dos filhos de Maria das Dores. Diante da perspectiva do envolvimento dos Policiais em milícia privada, foi perguntando a ambos se tinham