Leitura e interação
Uma análise didática Formar leitores autônomos é um propósito indelegável da educação obrigatória. Para cumpri-lo é necessário, antes de tudo, aceitar que também é uma tarefa difícil. Uma dificuldade essencial é a posição de dependência que o aluno ocupa na instituição escolar, exatamente esse aluno que tentamos transformar em leitor autônomo.
Reconhecer a tensão entre a autonomia postulada e a dependência cotidiana faz duvidar de soluções aparentemente simples e, por isso mesmo, tentadoras. Parece questionável, por exemplo, que ensinar aos leitores "novatos" estratégias utilizadas pelos leitores "experientes" - como postulam alguns autores e muitos livros didáticos atualmente em circulação
- seja suficiente para gerar autonomia no aluno-leitor.
Para formar leitores autônomos na instituição escolar não basta modificar os conteúdos do ensino - incluindo, por exemplo, estratégias de autocontrole da leitura -, é necessário, além disso, gerar um conjunto de condições didáticas que autorizem e habilitem o aluno a assumir sua responsabilidade como leitor.
Analisar os obstáculos enfrentados quando se orienta o trabalho para a construção da autonomia ajudará a tornar claro quais condições didáticas é preciso criar. Estudar o funcionamento de algumas dessas condições com a descrição de diversas situações didáticas durante a escolaridade permitirá delinear o caminho que estamos tentando percorrer para cumprir nosso propósito.
Delia Lerner
Licenciada em Ciências da Educação e com estudos de Pós-graduação em Lingüística. Investigadora em Didática da Leitura e da Escrita - assim como em Didátíca da Matemática -, dirigiu diversos estudos em ambas as áreas, tanto na Argentina como na Venezuela. Atua como docente no Departamento de Ciências da Educação da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires e coordena
Seminários de Pós-graduação tanto no Mestrado em Didática desta Faculdade como no Mestrado em