formalismo e o jeitinho
Formalizar é descrever um processo, um objeto, um fenômeno, uma fórmula, etc, de tal forma que qualquer pessoa (todas) da área de conhecimento, independente da língua, etnia, religião, política, sexo, etc, possa entender o que está sendo descrito sem alguma dualidade de interpretação.
A cultura permeia o tempo e o espaço, media as relações e percepções do homem com o próximo, consigo mesmo e com o seu entorno. O brasileiro é conhecido como um povo hospitaleiro, gentil, acolhedor, generoso no afeto, festeiro, comunicativo, sensual, malandro, sempre pronto a dar um “jeitinho” obter uma solução de curto prazo para si, às escondidas e sem chamar a atenção.
O jeitinho não é conseqüência de um “atraso” por não sermos indivíduos imparciais. Ele envolve outra visão de homem e organização humana. Só damos um jeitinho para quem sabe pedir com um jeito: com humildade, simpatia, urgência diante de uma imprevisibilidade. Diante de um jeito superior ou arrogante não damos um jeitinho, invocamos a lei. Portanto, ele revela um critério ético e valores sobre um modo de ser no mundo: este modo de ser aceita a participação da imprevisibilidade, da fragilidade, da afetividade e da invenção dentro das organizações.
Ainda de acordo com Roberto Damatta, a informalidade é também exercida por esferas de influência superiores. Quando uma autoridade "maior" vê-se coagida por uma "menor", imediatamente ameaça fazer uso de sua influência; dessa forma, buscará dissuadir a autoridade "menor" para assim neutralizá-la ou aplicar-lhe uma sanção.
A fórmula típica de tal atitude está contida no golpe conhecido por "carteirada", que se vale da célebre frase "você sabe com quem está falando?". Num exemplo clássico, recentemente, vimos um Tenente Coronel ter seu carro parado em uma blitz da lei seca por uma autoridade de trânsito e imediatamente fazer uso (no caso, abusivo) de sua autoridade: "Você sabe com quem está falando? Eu sou Coronel da policia! Vocês querem me