Felicidade em Agostinho
Leandro Soares
Como é possível alcançar a felicidade (beatitudo) em Agostinho e quais as dificuldades lógico-ontológicas a que esta conduz?
Na pergunta acima encontramos dois pressupostos:
Primeiro – Em Agostinho, é possível alcançar a felicidade.
Segundo – A concepção agostiniana de “alcance da felicidade” conduz a dificuldades lógico-ontológicas.
Questões levantadas
Para Agostinho, qual o conceito de felicidade?
Existe realmente um caminho para a felicidade?
É possível estabelecer um caminho para a felicidade por meio da razão?
O que é uma dificuldade lógico-ontológica?
Por que a concepção agostiniana conduz a uma dificuldade lógico-ontológica?
Na obra “A Vida Feliz” (De Beata Vita), o filósofo Agostinho durante três dias junto com seus amigos e discípulos, Alípio, Licencio, Trigésio, seu irmão Navígio, seu filho Adeodato e sua mãe Mônica, na chácara cedida por seu amigo Verecundo, em Cassicíaco, discorrem acerca da felicidade e da possibilidade de obtê-la.
Entre as muitas conclusões obtidas nestes diálogos, uma das principais diz respeito à posse de Deus como única condição para alcançar a felicidade. A dificuldade lógico-ontológica surge no momento em que Agostinho admite que a “posse de Deus” ou o não pode ocorrer por aqueles que ainda o buscam, pois o conceito de plenitude é muito forte nesta discussão e leva ao entendimento de que esta plenitude de Deus só poderá ser usufruída no porvir.
Esta concepção leva ao entendimento de que não é possível ser feliz nesta vida presente por não ser possível ser pleno de Deus e ainda o continuar buscando. Tal entendimento também apresenta como dificuldade lógico-ontológica o fundamento de toda a sua concepção, a qual se baseia na existência de Deus e na revelação como critérios para todas as suas conclusões sobre o alcance da felicidade.
Uma referência que tomaríamos para esta discussão seria a concepção aristotélica de felicidade, a qual em sua concepção