Ensino
RESENHA
CARLOS, A. F. A. Espaço – Tempo na metrópole: a fragmentação da vida cotidiana. São Paulo: Contexto, 2001. 368p.
Em uma sociedade que privilegia a tecnologia, a integração mundial, a virtualidade das relações (ou não-relações), a ênfase ao econômico, qual seria o papel do lugar, da vida, do cotidiano? O lugar pode desaparecer, sucumbir, modificar-se e/ou transformar-se espacialmente promovendo o mesmo processo à rotina das pessoas que aí habitam. Mas que processos levam a isso? Que ordem obedecem? Há resistências ao processo? Essas são questões debatidas na obra EspaçoTempo na metrópole: a fragmentação da vida cotidiana, de Ana Fani Alessandri Carlos, publicada pela editora Contexto. Por meio do estudo de uma porção particular do espaço, a autora procura desvendar processos que tendem a se generalizar enquanto necessários para a plena inserção dos lugares no contexto global, revelando as contradições e os conflitos resultantes desse desenvolvimento que procura impingir uma racionalidade homogeneizante do espaço e da vida. Nessa discussão do papel do lugar no contexto mundial, traz o pensamento de vários geógrafos, dentre eles Milton Santos. Com base na análise de um lugar específico da cidade que é possível “construir um pensamento geográfico sobre a cidade e o urbano no mundo moderno”, o que Ana Fani faz de modo poético e sensível, incorporando a seu texto um pouco de Baudelaire, Mário de Andrade, Walter Benjamim, Calvino, Proust, entre outros, mostrando como a arte pode desvelar alguns aspectos de nossa realidade. No capítulo A forma da cidade, a autora revela o percurso de seu trabalho: parte do presente, demonstrando como a morfologia da cidade revela a existência de seus diversos tempos, marcados nas formas espaciais e a realização da vida na cidade. Podemos perceber as aparências dos fenômenos, mas chegar à sua essência exige o desvendamento, o aprofundamento das questões, a revelação dos