Emílio ou Da Educação - Rousseau
“TUDO É CERTO em saindo das mãos do Autor das coisas, tudo degenera nas mãos do homem. [...] transtorna tudo, desfigura tudo, [...] não quer nada como o fez a natureza, nem mesmo o homem; tem que ensiná-lo para si, [...]” (p. 9). “Sem isso, tudo iria de mal a pior e nossa espécie não deve ser formado pela metade. [...]” (p. 9). “[...] terna e previdente mãe, [...] Estabelece, desde cedo um cinto de muralhas ao redor da alma de tua criança. [...]” (p.10). “Amanham-se as plantas pela cultura e os homens pela educação. [...] Deplora-se o estado da infância; não se vê que a raça humana teria perecido se o homem não começasse sendo criança.” (p. 10). “Nascemos fracos, precisamos de força; nascemos desprovidos de tudo, temos necessidade de assistência; nascemos estúpidos, precisamos de juízo. Tudo o que não temos ao nascer, e de que precisamos adultos, é nos dado pela educação.” (p. 10). “Essa educação nos vem da natureza, ou dos homens ou das coisas.” (p. 11).
Cada um de nós é, portanto, formado por três espécies de mestres. O aluno em quem às diversas lições desses mestres se contrariam [...] aquele em quem todos visam os mesmos pontos e tendem para os mesmos fins, vai sozinho a seu objetivo e vive em conseqüência. Somente esse é bem educado. (p.11).
“Ora, dessas três educações diferentes a da natureza não depende de nós [...]” (p.11). “[...] a educação é uma arte [...] Tudo o que se pode fazer, à força de cuidados, é aproximar-se mais ou menos da meta, mas é preciso sorte para atingi-la.” (p.11). “A própria meta da natureza; [...] Dado que a ação das três educações é necessária à sua perfeição, [...]” (p.11).
A natureza, dizem-nos é apenas o hábito. [...] é o caso, por exemplo, do hábito das plantas cuja direção vertical se perturba. Em se lhe devolvendo a liberdade, a planta conserva a inclinação que a obrigaram a