Invenção de emilio como conjectura
Docente LUÍS FERNANDO CRESPO CURSO: Pedagogia
TEXTO COMPLEMENTAR
AULA 3 – TEXTO 1
A invenção do Emílio como conjectura: opção metodológica da escrita de Rousseau
Carlota Boto Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022010000100002&script=sci_arttext, acesso em 05/04/2011 Não mostreis nunca à criança nada que ela não possa ver. Enquanto a humanidade quase lhe é estranha, não podendo elevá-la ao estado adulto, abaixai para ela o homem à condição de criança. (Rousseau, 1979, p. 197) Em uma de suas cartas, Rousseau (2005b) disse que seus principais livros são o "primeiro discurso, aquele sobre a desigualdade e o tratado de educação, obras inseparáveis e que perfazem juntas um mesmo todo" (p. 25). Como se deve ler o Emílio? Essa pergunta tem, ao longo dos tempos, atormentado os intérpretes. Seria o Emílio um tratado de educação ou de política? Para a maioria de seus comentadores, trata-se de um livro que enuncia a necessidade da época de renovar os parâmetros do ensino e da pedagogia. Para outros, trata-se de um trabalho eminentemente político. Nesse sentido, Yves Vargas (1995) advoga o seguinte: Emílio ou da educação seria um livro de política natural e não de educação. Ele não se propõe a educar uma criança no seio da sociedade, mas a construir uma nova sociedade no âmbito do desenvolvimento de um homem. (p. 28) Para Roque Spencer Maciel de Barros (1971), o objetivo do Emílio seria, sobretudo, moral. Sendo assim, a ética de Rousseau teria inspirado sua pedagogia e seu pensamento político. Ele compreende que: [...] o objetivo do Emílio é precisamente o de formar o sábio. [...] sabedoria é moralidade, é autodomínio, é capacidade de 'ouvir a voz da consciência no silêncio das paixões'. (p. 71) É possível, todavia, ler o Emílio como um ensaio, cujo principal objeto é a busca de compreensão do "ser" da criança — de sua essência. O presente trabalho tem por propósito refletir sobre o pensamento