Rousseau, jean-jacques. emílio, ou, da educação: tradução, roberto leal ferreira – 3ª ed. – são paulo: martins fontes, 2004. – (paidéia)
APRESENTAÇÃO
Jean-Jacques Rousseau escreveu Emílio como uma forma de expor sua teoria naturalista da educação, é um romance que trata da antropologia filosófica: concepção de homem – natural, racional e moral. Para Rousseau, a educação deve ocorrer de modo “natural”, longe das influências corruptoras do ambiente social e sob a direção de um preceptor que oriente o processo de formação do menino (Emílio) para atender as exigências do estado de natureza.
LIVRO II
A INFÂNCIA
Eis a segunda fase da vida, aquela onde acaba propriamente a infância, pois as palavras infans puer não são sinônimas. A primeira está contida na segunda e significa quem não pode falar [...] (p.69)
Quando uma criança se machuca, é muito raro chorar se estiver sozinha, a menos que tenha a esperança de ser ouvida.
[...] É nessa idade que se tomam as primeiras lições de coragem, suportando sem pavor as dores livres, aprende-se aos poucos a superar as grandes. (p.70)
Nossa maneira professoral e pedantesca são de sempre ensinar às crianças o eu aprenderiam muito melhor por si mesmas, e esquecer o que só nós lhes poderiam ensinar. [...] (p.71)
Outro progresso torna a queixa menos necessária às crianças: é o de suas forças. Podendo mais por si mesmas, precisam com menos freqüência recorrer aos outros. Junto com a força, desenvolvendo-se o conhecimento. [...] (p.71)
[...] É nesse segundo grau que propriamente começa a vida do indivíduo, é então que ele toma consciência de si mesmo. A memória amplia o sentido de identidade para todos os momentos de sua existência. [...] (p.71)
[...] A idade da alegria passa-se em meio a prantos, a castigos, a ameaças, à escravidão. (p.72)
[...] Amai a infância; favorecei a suas brincadeiras, seus afazeres, seu amável instinto. Quem de vós não teve alguma saudade dessa época em que o riso está sempre nos lábios,