desenvolver competencias
O fascínio pelas competências
Por que as competências “tomaram conta” da escola (Perrenoud, 2000a) em quase todos os países desenvolvidos e em desenvolvimento? Provavelmente, pelo fato de algumas organizações internacionais, começando pela OCDE, terem feito das competências uma espécie de cavalo-de-batalha e, também, porque há uma forma de contágio. Um país que não se preocupa em dar ênfase ao desenvolvimento de competências poderá ser visto como atrasado ou
“à margem das tendências”.
Apesar das competências fazerem parte das estratégias e dos modismos, não podemos nos limitar a essa explicação. Ninguém ignora que, para viver, os seres humanos precisam desenvolver as competências que lhes permitirão enfrentar, com uma certa facilidade e rapidamente, as situações às quais são ou serão regularmente confrontados. Este é o preço a ser pago por uma espécie cujos esquemas de ação, na sua maioria, não estão inscritos no patrimônio genético.
Por que, atualmente, essa evidência passou a ser reafirmada? Provavelmente, porque o mundo do trabalho colocou a noção de competência no cerne da gestão das organizações e a escola a colocou no centro das recentes reformas curriculares. Mas a principal razão está relacionada à evolução da sociedade.
Situações que evoluem e se diversificam
Numa sociedade tradicional, as situações que uma pessoa deverá enfrentar durante a sua existência são, de modo geral, previsíveis e em número
30 Philippe Perrenoud limitado. Desde o seu nascimento, o indivíduo já está preparado, pois sabe que o seu lugar na sociedade é e será o mesmo dos seus pais, pois há pouca mobilidade social. A mudança não é inexistente – nenhuma sociedade é totalmente “imóvel” –, mas trata-se de um processo lento, de algo que é muito mais imposto do que escolhido. As práticas acompanham os costumes e ninguém tenta modificá-las, nem mesmo quando um observador externo as julga pouco eficazes ou, até mesmo, totalmente irracionais. Nessas sociedades,
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