Cultura nas organizações
Autoria: Neusa Rolita Cavedon
Resumo
Esta pesquisa focalizou o Mercado Público de Porto Alegre e, ao procurar desvendar a cultura organizacional desse locus, identificou as peculiaridades inerentes a fatores históricos, míticos e religiosos ligados ao modo de ser porto-alegrense e que se revelam na administração das lojas do
Mercado, evidenciando significados que unem o sagrado e o profano, o público e o privado, a tradição e a modernidade, o comércio e a afetividade. Através do método etnográfico, com a ida a campo entre agosto de 2000 e janeiro de 2001, identificou-se a representação do Mercado como um avô, que afaga os netos, conta-lhes histórias, é permissivo em relação a certas brincadeiras e, por mais afeito que seja às mudanças, possui hábitos arraigados ao longo do tempo de uma vida que precisam ser respeitados. O atendimento personalizado, que poderia ser impessoal, confere a esse espaço uma significação de casa. A significação “shopping de pobre” reflete a ambigüidade de um espaço higienizado pelo Poder Público, mas que ainda exala os odores fortes das iguarias populares.
A representação que identifica o Mercado como um “refúgio” traz à lembrança um tempo que passa mais lento, o tempo dos antigos armazéns, onde a venda a granel e o uso do barbante para fechar o pacote faziam parte do cotidiano.
Introdução
A produção do conhecimento administrativo atrelado aos aspectos locais vem sendo debatida por alguns pesquisadores brasileiros (CALDAS, 1997; FISCHER E MCALLISTER, 1999) ao longo dos últimos anos. Todavia, a geração de pesquisas com essa característica, em se tratando das dimensões de um país como o Brasil, ainda se configura como inexpressiva, especialmente, com relação à determinadas organizações cujas interfaces remontam aos aspectos históricos e culturais peculiares de uma dada localidade ou região. Sendo assim, julgou-se relevante desenvolver