As 3 primeiras meditações metafisicas
§§ 1 a 6 – Toma a resolução de por em dúvida todas as opiniões recebidas desde a infância, para poder, desde os fundamentos, estabelecer algo de firme e constante nas ciências, e não tomar o falso como verdadeiro. A função da dúvida é destruir todas as suas opiniões antigas (se essas suscitarem qualquer dúvida): dúvida hiperbólica sistemática e generalizada. Vai dedicar a sua empresa aos princípios que fundamentam suas antigas opiniões. Sentidos: concebidos até então como o mais seguro conhecimento, porém esses já o enganaram alguma vez, portanto devem ser colocados em dúvida. Sonhos: devido aos seus conteúdos, na maior parte das vezes, reais, o que ocorre nos sonhos, então, não é muito diferente do que ocorre quando se está desperto. As coisas representadas nos sonhos são reais e verdadeiras – analogia da pintura: mesmo que os pintores se empenham em representar figuras não-existentes, como sereias, quimeras..., elas não serão algo novo, mas uma mistura de membros de diversos animais; se fizer algo novo, coisa que ninguém tenha visto, pelo menos as cores com que pinta o quadro serão reais.
§§ 7 a 10 – Idéias simples e compostas: as idéias compostas, diferentemente das simples, são mais passíveis de terem sido imaginadas, portanto as simples são mais universais, verdadeiras e existentes; as ciências como a física, astronomia, medicina, que dependem de idéias compostas, são mais duvidosas e incertas do que as matemáticas (aritmética e geometria), que tratam de idéias simples e gerais, independentes de existirem ou não na natureza e independentes de qualquer coisa (2+3=5). Mas pode haver um Deus enganador que nos iluda até mesmo em coisas tão certas como 2+3=5; contudo, se Deus é soberanamente bom, não pode ser enganador, mas sem sua bondade pode. Quanto menos perfeito for Deus, mais corre-se o risco de ser imperfeito a ponto de enganar-se sempre. Assim, não há nenhuma de suas velhas opiniões que não mereça