3 primeiras Meditações Metafísicas de Descartes
Contexto histórico: René Descartes nasceu em 1596 e durante a primeira metade do século XVII começa sua filosofia. Nesse período, a Europa passava por transformações sociais, econômicas e culturais, pois estava sofrendo as consequências dos séculos XV e XVI. As descobertas que a exploração marítima trouxe despertaram o surgimento das teorias científicas de Copérnico, Giordano Bruno, Galilei e Kepler, colocando em perigo o pensamento geocêntrico que era vigente na época. Dessa forma, a doutrina da igreja católica foi deslegitimada e favoreceu o movimento da Reforma Protestante, o que quebrou o monopólio espiritual dos indivíduos. Além disso, a ruptura com as estruturas medievais levaram a redescoberta das tendências culturais da antiguidade clássica, marcando a transição do feudalismo para o capitalismo. Esse período chamado de Renascimento, que é contemporâneo ao Descartes, valoriza o racionalismo e o humanismo. Percebe-se então que o momento era de um caos ideológico perante as diversas formas culturais que contrastavam com a tradição. Nesse sentido, a compreensão do contexto histórico que Descartes viveu é de extrema importância para assimilar como a gnosiologia penetrou no pensamento moderno, avançando a ontologia.
Primeira meditação: Na primeira meditação, Descartes estabelece o método que possa encontrar um início concreto para que, dessa forma, seja construído um sistema concreto. Este tem como ponto de partida submeter todo o conhecimento humano a dúvida universal e metódica. Primeiramente, Descartes duvida de todas as coisas, das mais simples até as complexas. Seu objetivo não era provar falsidade nas ideias, porém desconstruir todos os significados que nelas pertenciam para depois reconstruir de forma segura.“Aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a destruir em geral todas minhas antigas opiniões. Ora, não será necessário, para atingir esse desígnio,