estudante
Palavras-chave: Filosofia Moderna, Meditações de Filosofia Primeira, Descartes, Corpo.
Que pode haver de mais surpreendente do que assistir ao Proteu interior passar do rigor ao delírio, procurar na prece a energia de perseverar no caminho das construções racionais, pedir às pessoas divinas que o sustenham na mais orgulhosa das empresas, e pretender finalmente que sonhos completamente obscuros lhe sirvam de testemunhas em favor do seu sistema de idéias claras.
VALERY, Descartes
O presente texto é um estudo interpretativo das duas primeiras Meditações metafísicas de René Descartes. Tem por propósito apresentar, de maneira resumida, aqueles que seriam alguns dos principais argumentos da obra dando ênfase à questão do corpo, tendo em vista a dúvida cartesiana e a sua importância nas Meditações. As idéias consignadas aqui não serão tratadas como num ensaio; nem como rigorosa reconstrução arquitetônica já elaborada por diversos autores que explicaram o texto segundo “a ordem de suas razões”. Referindo-se a esta segunda postura, seriam referências incontestáveis entre a comunidade cartesiana os nomes de F. Alquié, E. Gilson, M. Gueròult entre outros (LANDIN FILHO, 1992). À luz destes, não pretendemos uma interpretação exaustiva desta obra; não temos o objetivo de assumir qualquer das duas posições acima. O texto pretende-se um roteiro de leitura, capaz de apresentar, de modo geral, o trajeto de Descartes nas duas primeiras Meditações, além do modo com que a temática do corpo se apresenta nesta parte do texto. Esta opção justifica-se por ser um tema de pesquisa recorrente, ocupando também a pauta de alguns dos especialistas no autor, presentes amiúde neste